PROJETO MEIO AMBIENTE: CULTIVO DO HÁBITO DO USO DOS 5 rS

2011: Mais um ano letivo pela frente. Em 2010, realizamos com bastante êxito o projeto Gêneros Textuais (orais e escritos), objetivando conhecer, analisar e produzir textos ligados aos Valores Humanos. Neste ano, 2011,a proposta dos gêneros visa desenvolver habilidades e potencialidades relacionadas ao respeito pelo MEIO AMBIENTE, sobretudo à prática ao uso dos 5Rs (Respeitar, repensar, reduzir, reutilizar e reciclar). Por isso, abri um página - MEIO AMBIENTE - só com textos que discorrem sobre o tema. O IFMT campus Rondonópolis não pode prescindir, num momento de agonia do planeta, do seu papel de construção de cidadania. Aguardem!! “Se quisermos ter menos lixo, precisamos rever nosso paradigma de felicidade humana. menos lixo significa ter... mais qualidade, menos quantidade; mais cultura, menos símbolos de status; mais esporte, menos material esportivo; mais tempo para as crianças, menos dinheiro trocado; mais animação, menos tecnologia de diversão; mais carinho, menos presente... (Gilnreiner, 1992)

14 de julho de 2012

O SARILHO

O sarilho




O arrebol já se fazia baixo no horizonte. Era um banzé de galinha, pintinho, peru, angolas, gansos e crianças que se amontoavam num zunzunzum no terreiro de terra batida. As crianças, para tirar o macuco que o quintal lhes impregnava, numa bacia de banho; as criações, para ciscar o milho da tarde e se empoleirarem na laranjeira muito cheia de espinhos. Os cavalos puxados pelas rédeas eram recompensados com uma baldada de água fresca no lombo suado. Os peões estropiados se sentavam nas tábuas que eram dispostas em círculo para uma talagada de cachaça pra tirar a poeira da garganta. O campeio fora cansativo. Minha mãe com seu vestido amarelado, puído na barriga de tanto roçar no batedouro de aroeira escalavrada a machado e no fogão de lenha, dava as ordens às três filhas mais velhas.

Fim de tarde... Vida dura era a das irmãs mais velhas. Elas é que ajudavam na lida com os irmãos mais novos. Hora de encher os potes, os cochos das criações, recolher lenha, moer o café e socar o arroz para o dia seguinte e ainda dar banho nos irmãos menores. Ai, os irmãos menores! Tinham de vir arrastados, choramingando, para o bacião do banho. Ninguém queria largar a brincadeira no quintal. No bacião, aquele bando de macuquento levava cada safanão e cada cascudo! A bucha ressecada passada com mais força do que o necessário, e os menores berravam sem cerimônia para a mãe ralhar com as irmãs mais velhas. Como era bom ver a mãe intervindo com a braveza de sempre. “AIAI! Cê tá me machucano! E imediatamente, da cozinha, vinha a voz de censura: “Cria vergonha, cavalona! Não vê o seu tamanho?” E a buchada comia com mais força ainda.

Criações já empoleiradas, crianças de banho tomado, pratos feitos fumegando sobre um grande mesa de madeira rústica. Era bom, da mesa, observar o movimento do terreiro. As irmãs mais velhas ainda no batente. Era hora puxar água para encher os tambores de 200 litros. Essa tarefa naquele dia era da caçula das três mais velhas. Considerada, desde pequena, a ranheta, a dengosa e a cheia de tic-tac, ela estava no auge da busca pela auto-afirmação: 12 para 13 anos. Das três, era a única que estava fazendo o ginásio e isto lhe assegurava o direito de empinar o nariz e bater de pés juntos que aquilo não era vida. Um dia, e não demoraria muito, sairia daquela vidinha ordinária. Deslizava sob o brilho de um grande lustre; nos braços de um novo amor. Enlevada pelo glamour e pela atenção que se voltava para ela, esqueceu-se no braço de um sarilho, mal acoplado no suporte da cisterna. Automaticamente o balde subia e descia ao ritmo da hit do momento “ tudo nessa vida passa/ o nosso amor também passou/ agora eu até acho graça/ lembrando que chorei no fim do nosso amor.” E ela ia rodando, no mesmo movimento da corda, uma volta e outra e outra... Sobre o vestido, uma túnica, de cetim vermelha bordada em lantejoulas que a fazia reluzir da cabeça aos pés. E assim se deixava levar pela galhardia do cavalheiro de cujo sorriso vinham raios de luz para formar um só feixe luminoso. Dali a pouco, os dois se instalariam numa imensa jardineira só para eles e seguiriam para o palácio do Generoso, onde seriam recebidos com muita pompa pelos criados. Os rodopios foram se fazendo intermitentes, num ritmo tão acelerado que o estrondo se fez: o sarilho escapou do suporte e foi com tudo para o fundo do poço. A princesa não pôde embarcar na jardineira com seu príncipe. Em vez disso, teve de amargar um baita molho por causa da surra que levara da mãe. Ô, menina desatenta! Cabeça de vento!

Nunca nem a mãe e nem nenhum dos que a condenaram pelo incidente souberam o motivo de tanta falta de atenção.

10 DE JULHO DE 2012

0 comentários:

Postar um comentário