As
redes sociais, os oportunistas e a educação
A linguagem, por natureza, impele o homem a interagir-se com o outro.
Comungar conhecimentos, fatos, opiniões é uma necessidade. No século XXI, as
redes sociais ampliaram essas possibilidades. Nesse espaço ilimitado, entretanto,
muitos usuários, deslumbrados, com a acessibilidade e a visibilidade que a
ferramenta oferece, deixam-se perder, levando consigo o senso crítico,
necessário desde sempre, mas que na atualidade deve estar à flor da pele.
Alguns usuários vislumbram, nas redes, uma oportunidade para relatar seu
cotidiano, expor opiniões e tudo que lhe vier à telha; afinal, a autoafirmação
é um desejo inerente ao ser humano. Outros, geralmente atraídos pelo teor das
manchetes, sentem a necessidade de, mesmo que, talvez, sem intenção definida,
compartilhar memes e textos alheios, o que a
priori pode também ser atribuído ao desejo de autoafirmação.
Esgarçada pela paixão avassaladora de incautos, a rede é um prato cheio
para os oportunistas que, resguardados pelo anonimato, capricham nas manchetes
atrativas, estrategicamente montadas. Crivam os textos de falácias com base no
apelo à ignorância, ao divino, ao ridículo. Acusam e ofendem. Julgam e condenam.
Perdoam e absolvem. Evidentemente, conforme
suas conveniências. Porque sabem da fragilidade cultural e emocional dos
usuários da rede, contam com a ligeirice deles na arte de clicar. Sabem que, à
velocidade de um clique, as mentiras se transformam em verdades. Não importa se
com consequências nefastas. Nem o Papa Francisco escapa. A página dos
compartilhadores salpica-se de incoerências. Paradoxalmente, o carrasco
violento é ao mesmo tempo o mais fervoroso dos cristãos.
Em ano político, os oportunistas apimentam ainda as redes sociais. É
cultural, no Brasil, a ideia de que a melhor defesa é o ataque. Escrúpulo, faz
tempo, anda em baixa. O ato irresponsável sobrepõe-se à responsabilidade. Nesta
semana, recebi um vídeo pelo WhatsApp. Nele, uma menininha de uns 6 anos
discursava, brilhantemente, em favor do
direito ao porte de armas, num vocabulário e numa performance persuasiva de
fazer inveja ao padre Fábio de Melo, Leandro Karnal e a outros tantos. O vídeo
viralizou, claro.
Sem dúvida, a trama social é composta de uma diversidade de fios
entrecruzados que nos remetem, com força e rapidez, a falsas aberturas e
atalhos. É o bem e mal que caminham juntos. Mas, nessa trama complexa e
agitada, cabe ao homem, pelo senso crítico, escolher o melhor caminho. O mapa? As placas indicativas? Somente a Educação
pode oferecer. Bom senso e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Minha avó
já dizia: “para um bom entendedor, um pingo é letra”.
Arlete Fonseca
de Oliveira
Professora -
IFMT – campus Rondonópolis
30 de agosto de 2018
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