Letramentos: história
da palavra, história do homem
Arlete Fonseca de Oliveira
Aluna especial do Programa de
Pós-graduação em Educação Universidade Federal de Mato
Grosso – Rondonópolis
Década
de 1980. Ressurge, com nova roupagem, a palavra “Letramento” no contexto
educacional de vários países e, lógico, do Brasil. É neste contexto, evidentemente,
que Maria do Rosário Longo Mortatti[1]
(Educação e Letramento. São Paulo: UNESP, 2004. 136p. R$15,00) vai inseri-la
para explicar-lhe os significados e os sentidos que lhe foram e lhe vão sendo atribuídos
ao longo das discussões acadêmicas.
Fazendo
um retrocesso na história da educação brasileira, sem desconsiderar o momento
político, social e econômico, a autora nos conduz a refletir sobre a importância
da palavra “letramento” num contexto em que só a palavra “alfabetização” já não
bastava mais, porque agora era preciso “aprender a ler e a escrever, mas,
sobretudo, adquirir competência para usar a leitura e a escrita, para
envolver-se com práticas sociais de
escrita”. Esse avanço pode passar
em brancas nuvens para alguns, mas não para quem milita na e para a educação. Assim
como a palavra “alfabetização”, na década de 1920, serviu para demarcar um
avanço em termo de analfabetismo no Brasil; na década de 1980, a palavra “letramento”
servirá para, ao lado de sua precursora, fortalecer o sistema educacional
brasileiro, representando a superação do analfabetismo e o marco inicial de uma
nova forma de conceber o ato de ler e escrever.
Para
que a palavra “letramento” se firme no léxico e nas práticas pedagógicas dos
professores em salas de aula, não pode haver brechas para quaisquer deduções
precipitadas a respeito do que ela representa. Assim, Maria do Rosário buscou, na
essência da origem da palavra e do contexto que a exigiu, uma explicação para
sua existência. Compreender o novo e dissertar
sobre ele, implica, dentre outros mecanismos geradores de conhecimento,
estabelecer relações lógicas entre palavras do mesmo campo semântico. Assim,
Mortatti busca relações entre letramento, alfabetização, escolaridade e
educação.
Ao fazer isso, Maria do Rosário, metalinguística e meta-historicamente, consciente ou inconscientemente, faz o leitor/educador refletir sobre como o tempo atua sobre sua própria formação individual e social, bem como sobre seus modos de sentir, pensar, apreender coisas e atuar sobre elas no/com e pelo mundo. Ao esmiuçar as palavras, eventos e contextos que envolvem seus objetivos, conduz o leitor (educador de alma) a uma viagem para dentro de si mesmo, despertando-lhe o desejo de alargar os passos e superar logo o estágio do “letramento”, na esperança de que bem rapidamente surja uma nova palavra que demarque mais uma travessia para o desenvolvimento humano. Novas necessidades, novas formas de olhar, compreender e conceber o mundo vão surgindo de acordo com a variação do grau de desenvolvimento humano.
Ao fazer isso, Maria do Rosário, metalinguística e meta-historicamente, consciente ou inconscientemente, faz o leitor/educador refletir sobre como o tempo atua sobre sua própria formação individual e social, bem como sobre seus modos de sentir, pensar, apreender coisas e atuar sobre elas no/com e pelo mundo. Ao esmiuçar as palavras, eventos e contextos que envolvem seus objetivos, conduz o leitor (educador de alma) a uma viagem para dentro de si mesmo, despertando-lhe o desejo de alargar os passos e superar logo o estágio do “letramento”, na esperança de que bem rapidamente surja uma nova palavra que demarque mais uma travessia para o desenvolvimento humano. Novas necessidades, novas formas de olhar, compreender e conceber o mundo vão surgindo de acordo com a variação do grau de desenvolvimento humano.
Muito bom, mas muito bom mesmo, poder, pela
leitura de um livro, que à primeira vista me parecia enfadonha por causa de
números, estatísticas e datas antigas, reconhecer-se nele como essência. Não
porque a autora em algum momento falasse disso; não, não falou. Mas, ao
minuciar o contexto do ressurgimento da palavra “letramento”, eu mesma ocupei o lugar dela e entendi que o tempo não atropela o tempo de ninguém. Pacientemente,
abre uma enorme ampulheta que deixa escorrer, em doses homeopáticas, situações
de desconforto que nos impelem a buscar soluções até que novos problemas se
estabeleçam e sejam novamente enfrentados num processo continuum de desenvolvimento humano. Juro que tentei fazer uma
resenha bem mais científica. Mas a história da palavra é a história do próprio
homem que precisa fazer uso dela para exprimir seu sentimento diante daquilo
que acabou de ler.
[1] Maria do Rosário Longo Mortatti - Professora Titular da Universidade Estadual Paulista
(UNESP). Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de
Araraquara (1975); Mestre em Educação pela Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) (1987); Doutora em Educação pela UNICAMP (1991); Livre-docente em
Metodologia da Alfabetização pela UNESP (1997). É Presidente da Associação
Brasileira de Alfabetização (ABAlf) (2012-2014). Professora Titular da Universidade Estadual
Paulista (UNESP). Licenciada em Letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Araraquara (1975); Mestre em Educação pela Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP) (1987); Doutora em Educação pela UNICAMP (1991);
Livre-docente em Metodologia da Alfabetização pela UNESP (1997). É Presidente
da Associação Brasileira de Alfabetização (ABAlf) (2012-2014).
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