Resenha
Alex Bruno
Oliveira Silva
O Cortiço: sobreviva quem puder
Tudo tem início com João Romão, empregado
de um vendeiro que, depois de muito trabalhar, juntou alguns contos e se
apossou de tudo o que o seu patrão lhe deixara como “herança”, após a sua morte.
Tudo mesmo, até uma negra: a Bertoleza. A ganância de João Romão em enriquecer
era tanta que ele não hesitava em explorar a negra. Graças a essa exploração, a
tantas outras trapaças, João Romão ganhou muito dinheiro. Sua gana por poder econômico fora estimulada ainda
mais depois que o comerciante Miranda foi morar no sobrado ao lado do seu cortiço.
Durante o desenrolar da história, o próprio
Cortiço ganha vida e passa a se apresentar como um personagem. A vida dos
diversos moradores é detalhada minuciosamente sem levar em consideração o
psicológico de cada um. Esta é uma das características marcantes da obra de
Azevedo, pois a intenção do autor é a de apresentar o meio ao qual o homem está
submetido. As aventuras e tagarelices das lavadeiras, as noites de festa da
Rita Baiana, a realização instintiva do sexo, as bebedeiras dos moradores, as
brigas e os mínimos detalhes de atitudes e comportamentos foram descritas. Toda
descrição tinha como meta o coletivo, ou seja, era uma forma de provar que o
homem é produto do meio, influenciado pelas condicionantes sociais. Para ficar
só num caso, basta citar a mudança de comportamento e hábitos do português
Jerônimo, que pouco a pouco foi cedendo aos encantos da brasileiríssima mulata Rita
Baiana.
No final do século XIX, vivia-se sob o
signo do Iluminismo. O foco da obra são as camadas mais baixas da sociedade. A
literatura de Azevedo não permitia o brilho dos salões aristocráticos como no
Romantismo. Sim. Era época de retratar
as camadas inferiores da sociedade. E Azevedo faz isso como ninguém. Fala de
todos e por todos com uma dose de Naturalismo imensurável.
Outra característica da obra, empregada,
com grande intensidade na obra, é a “animalização” ou “zoomorficação” das
emoções, sentimentos e atitudes dos personagens. Observe esta passagem que
descreve o momento de gozo de Léonie com Pombinha: “Agora, espolinhava-se toda, cerrando os dentes, fremindo-lhe a
carne em crispações de espasmo; ao passo que a outra, por cima, doida de
luxúria, irracional, feroz, revoluteava, em corcovos de égua, bufando e
relinchando”. Em
quase todos os casos os personagens são guiados pelos seus instintos.
No
enredo de O cortiço, trabalhadores,
lavadeiras, prostitutas, policiais, malandros, capitalistas e outros desfilam sem máscaras. Escancaram-se
os casos de adultério, assassinato, homossexualidade, exploração de
trabalhadores, discriminação, preconceito. É um romance que se desdobra no
coração de uma sociedade miserável, que tem como princípios o lucro e o
individualismo, presentes do começo ao fim da história.
Portanto,
amigos estudantes do IFMT-campus Rondonópolis
e demais leitores, não deixe de ler “O cortiço”. A obra é riquíssima em
detalhes, e ressalta com muita clareza as diferenças existentes entres as
classes sociais daquela época. Com essa leitura, você também será capaz de
desenvolver mecanismos que o levem a entender o porquê de nossa sociedade atual
estar organizada da maneira como se encontra. Por isso, leia-o, sugue as ideias,
interprete-as. Aja diferente... se
puder...
Boa leitura.
Bruno Oliveira
Silva
2º ano Ensino Médio
Química