De jovem para jovem, via celular
Angélica Martins da Mota
Quem é que consegue, por poucos minutos sequer, deixar de olhar para o celular para ver se recebeu alguma mensagem ou uma ligação? Nós nos habituamos a fazer isso; tornamo-nos dispersos e até mal educados. Não conseguimos nos concentrar por muito tempo em uma atividade ou interação real.
Aposto que você já passou pela situação de estar em uma reunião familiar e ter uma pessoa que não desgruda do celular, mandando SMS ou na internet, como se o mundo real não existisse. E aquela situação em que sua conversa com um amigo é interrompida pelo toque do celular e, de repente, você se vê só, com a conversa suspensa, esquecido, enquanto o bate-papo rola solto, descontraído e animando, bem do seu lado?! Situações bastante corriqueiras estas; e desagradáveis, não? Nós acabamos nos tornando antissociais em relação ao grupo em que estamos, porque privilegiamos o virtual, os amigos virtuais, as conversas virtuais, os namoros virtuais... etc. virtuais... Sem perceber, voluntariamente, vamos nos curvando, subservientes, ao comando desses aparelhos digitais... Esse apego todo poderia ser explicado como uma forma de carência afetiva? Egocentrismo?
Os efeitos desse vício refletem em todos os espaços: nas ruas, nos ônibus, nos shoppings, no trabalho... Mas, o espaço em que causa mais polêmica é, sobretudo, o das salas de aula: jovens adultos, adolescentes e crianças, ninguém se habilita a desligá-lo. Motivo de irritação dos professores! Alunos conversando por SMS, tirando fotos, mostrando vídeos online, ouvindo músicas com o famoso fone de ouvido (outro danado), passando cola na hora da prova via redes sociais, mensagens de texto ou Bluetooth. Como esse aparelho é ousado, não é mesmo?! O pior é quando o professor pede, em vão, para o aluno guardar o celular... e Direção! Entrega só na presença dos pais. Situaçãozinha desagradável. Apesar disso, insistentemente, ineficaz.
Tudo seria muito mais simples se compreendêssemos que aprendizagem e concentração não combinam com celular... e que seu uso indevido destoa da boa prática da convivência. Muitos transtornos seriam evitados. Os professores agradeceriam, as aulas seriam mais tranquilas e proveitosas, o conteúdo melhor absorvido, a convivência entre alunos e professores mais harmônica. Sei que a tentação é grande; o danado do celular é provocante. Afinal, também sou jovem como vocês. Mas resistir a tudo que nos causa danos, sabemos, é uma questão de sabedoria. Tenho certeza de que podemos.
Angélica Martins da Mota
IFMT - 2º ano Ensino Médio – Química
Professora: Arlete Fonseca de Oliveira